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Doutrina ou Didática?


continuação de <Alimentando-se do falar de Deus>

Um grande desafio hoje é discernir se uma determinada palavra falada em nome de Deus é de fato exclusivamente para a edificação e suprimento, sem dolo ou malicia alguma.

1Pedro 2:2 > desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual (literalmente semκακία – kakia – malicia e sem δόλος dolos – dolo), para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação,

Em Apocalipse 2:2 o Senhor elogia a Igreja em Éfeso por colocar a prova os falsos Apóstolos e assim identificava os falsos mestres. Paulo orienta Timóteo sobre os falsos mestres:

1Timóteo 1:3-7 > Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem diferentemente (ἑτεροδιδασκαλέω – heterodidaskaleō – outra/diferente forma de ensino), nem se ocupem com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que a economia (οἰκονομία – oikonomia ou o dispensar) de Deus em fé. Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia. Desviando-se algumas pessoas destas coisas, perderam-se em loquacidade frívola, pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações.

Aqui cabe ressaltar que ‘ensino diferente’ ou ‘outra doutrina’ como consta na maioria das traduções não quer dizer APENAS um ensinamento doutrinário que não conste na Bíblia ou até contrário às escrituras. Os escribas e fariseus ensinavam doutrina correta da TORÁ (livro da lei ou Pentateuco), tanto que Jesus recomendou aos Seus discípulos: Mateus 23:3Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem”. Claro que os fariseus também incluíam os acréscimos das tradições dos homens, que eventualmente iam contra a escritura (Mateus 15:2-6; Marcos 7:3-13). Eles no entanto não tinham a maneira de ministrar (διδαχή – didakē) como de quem tem a realidade do que fala, como o Senhor Jesus: Mateus 7:28,29Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina (διδαχή – didakē); porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (conforme também em Marcos 1:22 e Lucas 4:32). A palavra “didática” do português vem deste termo grego “διδαχή”, e significa “conjunto de técnicas e métodos que podem ser utilizados para ensinar determinado conteúdo para um indivíduo ou um grupo”. Portanto diz respeito a maneira ou forma de ensinar, e não necessariamente apenas ao assunto que é ensinado. Apenas como ilustração para melhor entendimento, quem fez alguma faculdade de exatas já deve ter testemunhado a atuação de professores com profundo conhecimento e domínio na área que ministram, mas com uma pobre didática, que levava a um baixo rendimento dos alunos. Assim, não é apenas o conteúdo inadequado ministrado que leva ao desvio do objetivo do ensino, mas também a forma como tal conteúdo é apresentado!

Paulo havia percebido o problema ao constatar como causa da degradação da Igreja já no fim de seu ministério, como escreveu em suas cartas para Timóteo (1 Timóteo 1:3; 6:3-5; 2 Timóteo 1:13; 3:10,14,15; 4:3-4). Infelizmente é evidente que ensinos que diferem e até contradizem as escrituras são abundantes hoje em dia. Como já referido antes, tal tipo de desvio é identificável para quem tiver intimidade com a Bíblia. O desafio é identificar formas de ensino, que ainda que ensinem conforme o conteúdo da escritura, não é eficaz para suprir e alimentar CRISTO. Hoje é possível encontrar quem ensine conforme a escritura, porém não é fácil achar quem tenha realidade da vivência do que fala. É fácil, por exemplo, formular questões ‘teológicas’ para qualquer das ferramentas de inteligência artificial disponibilizadas hoje na internet, que o cristão irá se espantar com a exatidão com que uma máquina responde e até elabora sermões conforme a escritura!

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