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continuação de <PAG – A renovação da mente para a transformação>
Como visto no artigo anterior, não se pode confiar na mente natural para compreender e desfrutar da boa, perfeita e agradável vontade de Deus1. Somente o homem espiritual, do nosso interior é que é capaz de aprender e entender as coisas de Deus2. No entanto, como na prática percebemos que em determinado contexto ou situação estamos ainda com a mentalidade natural sendo prevalecente? E como podemos cooperar para que a nossa mente seja renovada?
A maneira de discernir entre o que vem da da alma humana natural e o que vem do espirito humano regenerado é mediante o confronto com a Palavra de Deus:
Hebreus 4:12 > Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.
É importante não esquecer do alerta em 2Corintios 5:16-17, de não nos apegarmos ao conhecimento de Cristo segundo a carne, mas sim no conhecimento Dele como nova criação que somos, se de fato nascemos de novo3. Sem este conhecimento, mesmo a escritura será para nós mera letra preto no branco. Isto implica em crescer na percepção das coisas espirituais4. Como visto anteriormente sobre Fé5, não é questão de abandonar a lógica, mas sim de perceber as coisas espirituais.
Nas escrituras pode-se citar algumas situações que expõem a dificuldade da mente natural entender as coisas espirituais:
1) João 3:3-12 > A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito. Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu Jesus: Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso testemunho. Se, tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?
Neste contexto fica claro que é incompreensível à mente natural o nascer de novo. Não pense que agora por estar isto registrado na escritura que não seria mais uma dificuldade em entender. A maioria do cristianismo ainda recusa aceitar que o novo nascimento vem de Deus, que compartilha a Sua própria natureza divina com o recém nascido Dele6, nos dando a Sua vida, que é eterna7. A vida que recebemos é nova e não é simplesmente um revigoramento da velha vida humana tal que passaria a não morrer jamais. Ou seja, ser filho de Deus não é qualquer coisa comum como dá a entender a mente religiosa natural. É algo extraordinário, pois “seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.”8. Só será possível entender quem teve esta experiência:
2Corintios 4:6 > Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.
A longa e apurada formação acadêmica não garante a mente natural capacidade de perceber as realidades espirituais como o nascer de novo com uma nova vida. Prova dista está na maioria das traduções da Bíblia, onde algumas palavras acabam sendo interpretadas conforme a cultura humana natural e não traduzidas para preservar o sentido original9. Deus na verdade ocultou os mistérios do Reino celestial dos sábios e instruídos e os revelou aos pequeninos (Mateus 11:25; 18:10; Lucas 10:21). Quem teve acesso a maior instrução, que cuide para não se achar sábio aos próprios olhos10. Isto não quer dizer que se deva desprezar a instrução. Antes pelo contrário a escritura incentiva a busca da instrução11. Dedicar-se a instrução com humildade amplia a capacidade de entendimento. Percebendo o benefício da instrução e educação, aprendemos a aprender, nos tornando educáveis12.
2) Outro caso da mentalidade natural religiosa sendo confrontada com a luz divina, onde fica exposto o conceito religiosos de lugar de adoração, é o caso da mulher samaritana no evangelho de João. A mente religiosa acha que Deus quer um lugar especifico, enquanto Deus busca adoradores em espirito e realidade (João 4:20-24). Mesmo havendo tal registro na escritura, ainda hoje a maioria do cristianismo insiste em haver um lugar correto para adoração na Nova Aliança13, demonstrando assim a necessidade de renovar a mente.
3) Mais uma situação onde é exposta a limitação da mentalidade natural e religiosa é com respeito a Deus ter herança em nós, cuja glória é muito rica!
Efésios 1:17,18 > para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos
Para a mente natural religiosa é compreensível o fato de termos pecado14, porém é inimaginável como um pecador poderia ser herança preciosa de Deus. A experiência da cruz e da ressureição em Cristo com a vida divina é incompreensível ao homem natural.
4) Ainda outra coisa totalmente contrária a cultura humana é o próprio Deus se esvaziar, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhando, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Filipenses 2:5-8). Tal revelação já havia causado perplexidade ao salmista no Salmo 815. O próprio Deus se fazendo em carne e se sujeitando a humilhação da cruz é um escândalo para a religião e tolice para o intelectualismo do homem incrédulo16.
5) A ordem e hierarquia celestiais são contrários ao conceito humano natural (Mateus 20:25-28; 23:11; Marcos 10:41-45; Lucas 9:48; 12:37; 22:24-27). É natural entender que servimos a Jesus como o nosso Mestre e Senhor, mas como imaginar que Ele virá nos servir? Lucas 12:37 > Bem-aventurados aqueles servos a quem o senhor, quando vier, os encontre vigilantes; em verdade vos afirmo que ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa e, aproximando-se, os servirá.
E para não deixar dúvida:
Lucas 22:24-27 > Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.
Os casos acima são apenas alguns exemplos do quanto precisamos renovar a nossa mente1 e nos despir do velho homem17.
Recomenda-se continuar em <PAI – As veredas tortas da mente natural>
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