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continuação de <PAD – A fé conforme as escrituras>
Pelos artigos anteriores, incluindo <O falar de Deus sendo o nosso Alimento> e <Alimentando-se do falar de Deus>, fica claro que associar a palavra de Deus a ‘alimento’ e a ‘ensino saudável’ não é mera metáfora, como a mentalidade humana usualmente possa imaginar. Estes termos associados à palavra se referem a vida espiritual, a vida divina dentro daquele que é nascido de novo1, que, como qualquer vida, precisa ser alimentada para se manter saudável. Este alimento não é meramente intelectual. Para não se perder em tentativas de apenas seguir aumentando o conhecimento intelectual, é preciso estar conectado a esta vida interior, espiritual, que é o nosso novo homem. Somos nós, que cremos em Jesus conforme as escrituras2, que nascemos de novo3.
Este novo homem em nós é espiritual, e consegue perceber e acessar realidades espirituais que o homem natural sequer consegue entender, e as considera tolice4:
1Corintios 2:10-14 > Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura (μωρία – mōria = tolice); e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
Sem haver nascido de novo e ser conduzido5 por meio deste Espirito que habita nos filhos de Deus6, será impossível entender corretamente a palavra de Deus em sua profundidade. Principalmente perceber a realidade espiritual a que a palavra de Deus se refere7. É misterioso e maravilhoso, pois pela fé somos gerados novamente como nova criação e como filhos de Deus8. Assim, a fé conforme as escrituras nos leva a experimentar uma unidade com o Filho de Deus9. A mera crença religiosa é incapaz de levar ao novo nascimento. E doravante o nosso progresso espiritual será sempre por esta mesma fé, que libera em nós o jorrar da água viva em nosso interior10.
Pela mentalidade natural pode-se simplesmente adotar as escrituras como uma crença religiosa, sem que se tenha o entendimento adequado. Assim, alguns religiosos, que não andam conforme a experiência de nascer de novo, ao invés de considerar o evangelho uma tolice, optam por abraçar as escrituras como crendice e dogmas inquestionáveis, porém sem entendimento. O pior é acharem que tem entendimento, quando na verdade elaboram narrativas inconsistentes com a escritura como se fosse o entendimento de “especialistas”. E para não descrer destes dogmas, a religião os abraça em obstinação como se fosse realidade inquestionável. Por isto vários ‘teólogos’ escreveram artigos e até livros explicando que a ‘fé’ é contrária a razão ou mesmo a lógica. Como se para manter tal ‘fé’, tivesse de ignorar a lógica, quando na verdade o “crer conforme as escrituras” é muito racional e lógico11. Pedro nos exorta a estarmos preparados para responder àqueles que nos pedirem a RAZÃO da nossa esperança12. Paulo nos exorta a buscar ENTENDER a vontade de Deus13, o que obviamente requer o uso da razão, pois obstinação por crenças não permite entendimento. Aliás, a obstinação nega a razão e o entendimento. Deste modo a maneira religiosa de crer se constitui de fato em mais uma ideologia religiosa construída por narrativas inconsistentes com as escrituras. A história tem demonstrado isto exaustivamente, se cumprindo a profecia de Jesus14
Na verdade, este esforço em antagonizar a fé contra a lógica racional visa proteger de questionamentos as crendices dogmáticas das religiões, algumas até com parcial base bíblica, mas cheias de inconsistências lógicas, percebíveis até aos incrédulos. Portanto a religião precisa silenciar os questionamentos. Para a fé segundo a escritura, inclusive os questionamentos são bem vindos, sejam estes de boa fé15 ou de má-fé, cujo objetivo seria desfazer o que era pregado e não buscar com sinceridade o esclarecimento da verdade16. No entanto, mesmo para estes questionamentos maliciosos, a fé segundo as escrituras não teme responder, demonstrando as suas falácias de lógica e inconsistências com a escritura, como fez Jesus ao contestar os fariseus. Assim, diante das evidentes ineficácias deste tipo de crença religiosa, a religião prefere ignorar a falta de realidade, para não questionar a escritura, sem perceber que não se está crendo como diz a escritura (João 7:38)! Por fim tal obstinação se torna um véu religioso, como Paulo explica muito bem em
2Corintios 3:13-18 > E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia. Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado. Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.
Este trecho maravilhoso tem vários pontos muito importantes. Dentre estes pontos, mostra a operação da economia de Deus em fé17. A liberdade do espirito aqui se contrapõe claramente ao véu da obstinação. Com esta liberdade podemos nos achegar a Ele com qualquer dúvida ou questionamento, que se nos achegarmos a Ele de coração sincero18, certamente Ele nos esclarecerá e a Sua maravilhosa luz nos conformará um pouco mais à Sua imagem.
Recomenda-se continuar em <PAF – O mistério da Fé e a Economia divina>
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