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continuação de <PAC – Verdade ou realidade – o conteúdo da fé>
Como visto no artigo anterior, existe uma realidade espiritual referida na escritura que só pode ser acessada por meio da fé. Esta fé não é uma mera crença que pode ser descolada da realidade, como entende o mundo e a religião. No artigo anterior foi detalhada a definição de fé dada pela escritura, a qual é: a fé é a certeza (ὑπόστασις – hupostasis = substância) de coisas que se esperam, a convicção (ἔλεγχος – elegchos = evidencia ou prova) de fatos que se não vêem (Hebreus 11:1-3). Portanto a fé segundo as escrituras tem convicção e provas da realidade espiritual, celestial.
Esta definição da escritura de fé deixa claro que o que a escritura entende por fé é totalmente distinto do que o mundo e a religião entendem por fé. Pode-se dizer que o entendimento religioso-mundano seria ‘crença’, ou uma convicção ou obsessão que não precisa ter qualquer conexão com a realidade. Podendo ser em relação a qualquer coisa do imaginário humano. Conceito este muito conveniente para os lideres e poderosos deste século (seja mundo secular ou religioso) poderem manipular os incautos ingênuos para o engano ou o erro. É evidente que exteriormente é difícil discernir a diferença, se a fé demonstrada é a conforme a escritura ou é mais uma obsessão. Por isto a ressalva na escritura:
João 7:38 > Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.
Assim, crer em Jesus Cristo é beber da água que Ele nos dá (João 4:4), o que envolve mais do que um crer passivo. Requer uma atitude consistente com o crer. Se você crê que o Deus justo, que criou o universo e se fez carne para nos salvar, isto será comprovado pela sua atitude de se voltar a Ele e pedir para dar esta água que só Ele tem para beber, tal como fez a mulher samaritana1. Por isto ela teve testemunho que atraiu toda a vizinhança dela, a despeito da sua má reputação2. Agora ela estava jorrando água viva para os seus vizinhos! Outro registro de crer segundo a escritura, acompanhada de atitude, é o do Zaqueu em Lucas 19:8,93.
Uma figura da experiência de fé acessando o Cristo todo inclusivo como toda a esfera espiritual do reino celestial é apresentada no relato da entrada na boa terra de Canaã prometida por Deus a Israel4. Esta boa terra é um tipo ou figura do Cristo todo inclusivo que Deus dá ao Seu povo. O lugar de descanso prometido5. O povo tinha experimentado extensivamente do cuidado de Deus desde a libertação do Egito6. Tinham inclusive comprovado que a terra prometida era boa, como Deus havia dito7. No entanto não conseguiram crer que Deus lhes entregaria os gigantes que dominavam aquela terra, a despeito de terem testemunhado todo o poder e proezas de Deus8.
Esta ilustração é maravilhosa, pois demonstra uma fé que vem de uma confiança por já haver testemunhado as maravilhas de Deus9. Não é uma mera crença em uma promessa saída de um imaginário humano. Quem fez a promessa realizou proezas e prodígios que foram testemunhados pelo Seu povo. De fato, depois de haverem espiado a terra, tiveram uma amostra de sua riqueza e comprovado a veracidade sobre a riqueza da terra prometida. Mas infelizmente não conheciam os caminhos de Deus apenas presenciaram os feitos de Deus10, o que não lhes aproveitou em nada.
Trazendo esta figura para a Nova Aliança, a experiência que nos dá a confiança não é mais uma libertação física da opressão do mundo, mas o novo nascimento11 e o inscrever das leis de Deus em nossos corações12. Este trecho resume bem a experiência:
2Corintios 4:6 > Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.
Por causa desta experiência, não apenas aceitamos, mas compreendemos que o universo formado pela palavra de Deus (Hebreus 11:3). A consequência se segue:
2Corintios 5:16,17 > Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
É a experiência de retirada do véu da velha mentalidade13. Já não conhecemos mais Cristo segundo a carne (ou como o mundo e a religião). Este Cristo que nasceu em nossos corações é a semente de fé que precisamos para avançar no CAMINHO. Nós cremos com a fé Dele em nós14. Deste modo provamos que o Seu falar é nosso alimento e supre e sustenta o nosso homem interior15. Por isto, para estes que tem esta experiência, o crer na palavra de Deus decorre justamente de terem provado que Deus é bom16 e conhecido Ele e Sua fidelidade17, e agora tem uma viva esperança em Suas promessas18. Este é o crer conforme as escrituras (João 7:38).
No entanto, a nossa fé deve vir do testemunho Dele em nós, e não de nós mesmos. É algo totalmente diferente do que o mundo e a religião consideram como crer ou ter fé, que na verdade não passa de uma obsessão por uma ideologia religiosa ou até política. Tiago adverte sobre este tipo de “fé”, indicando que até mesmo os demônios crêem desta forma e até tremem19, coisa que infelizmente a maioria dos que se dizem crentes carecem de temor. Um caso registrado em Atos 19 é um alerta para a crença que não é conforme a escritura. Uns exorcistas tentaram expulsar demônios em nome de Jesus a quem Paulo pregava, e foram humilhados e envergonhados20. É um alerta para quem se conforma com mera crença e acaba “crendo” com a fé de outros, de quem ouviu testemunho.
O risco sutil é crer na Bíblia como um conjunto de dogmas e não crer conforme as escrituras21. Ai aparentemente teria a fé, porém não o poder que decorre da vida divina compartilhada em nosso homem interior22. A conseqüência é ter aparência de piedade, mas não ter o poder interior da vida divina, que é capaz de nos conduzir no CAMINHO em uma vida piedosa23, nos salvando da corrupção da carne e do mundo24. Esta é a razão porque é tão comum encontrar pessoas que professam crer em Deus e em Jesus, citando até trechos das escrituras, mas que não tem um viver santo que testifica sobre o caráter de nosso pai celestial, que é santo, justo e fiel. É a situação exposta em Tiago 2:14-26. Ou seja de uma crença sem a atitude, contrário do exemplo da mulher samaritana em João 4:1525 ou o Zaqueu em Lucas 19:8,926. Esta é a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos, e pela qual devemos batalhar27 para não deixar que o maligno, por meio de todo o sistema religioso e mundano venha a roubar, substituindo por crença, que não tem eficácia alguma contra a carne e o pecado.
Retomando a figura da promessa da boa terra aos israelitas, da mesma forma como a primeira geração que acabou não crendo que Deus lhe entregaria a boa terra apesar de haver testemunhado as maravilhas e a libertação de Deus, na Nova Aliança também tem os descaíram da fé. Na velha Aliança havia a intervenção de Deus desde a separação de Abraão das nações, que se tornou a história da nação de Israel. Na Nova Aliança já a história de Deus com o Seu povo é espiritual e interior. Não visível materialmente. Por isto o alerta em Hebreus 6:4-828.
É interessante observar que no Velho Testamento a fé só é citada na profecia de Habacuque 2:4 “o justo viverá pela sua fé”. Depois só é mencionada no Novo Testamento. Isto confere com:
Gálatas 3:24,25 > De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.
Ou seja, a lei tutelou o povo de Deus até a vinda de Cristo, ensinando ao povo sobre os valores, o amor, a santidade, a justiça e princípios de conduta de Deus. Quando veio Cristo, já não há mais necessidade do tutor ou aio, pois agora se pode conhecer nesta pessoa maravilhosa todos estes atributos testificados pela lei. O que confere com
Hebreus 12:2 > olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, …..
Alguém poderia questionar, se esta Fé que fala na escritura só veio com Jesus, como explica o próprio relato no capítulo 11 de Hebreus de lista de testemunhas de experiências de fé desde Abel? O trecho de 1 Pedro 1:10-1229 nos esclarece que o Espirito de Cristo já lhes revelava sobre a tão grande salvação de Deus, revelando que, não para si mesmos, mas para nós hoje, ministravam estas coisas. Não se pode esquecer que Cristo é eterno, sem principio e nem fim. Está fora do tempo. O tempo é restrição da criação. Assim, apesar de se manifestar apenas há cerca de 2 mil anos atrás, não estava impedido de atuar antes como Autor da fé. O ponto comum de todas as testemunhas da fé em Hebreus 11 é que todos tiveram relacionamento inicial com Cristo em Deus.
Recomenda-se continuar em <PAE – A fé da escritura versus fé religiosa>
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