Site em desenvolvimento
Continuação de <PAI –As veredas tortas da mente natural>
Antes de avançar para conferir os pontos notáveis nas escrituras, cabe ainda avaliar a condição do coração como solo para abrigar a semente da palavra de Deus de modo que frutifique. Como visto no artigo anterior1, a mente natural é imprestável para discernir e entender as coisas espirituais/celestiais. Deste modo, dependemos exclusivamente do homem interior, espiritual, para discernir e entender as coisas espirituais e perceber plenamente o Reino dos Céus ou o Reino de Deus. É neste Reino que iremos “ver” ou perceber os pontos notáveis que são referidos no “MAPA”, que aqui são as escrituras ou a Bíblia.
Perceber este Reino é conhecer os seus mistérios2. Jesus cita este conhecimento sobre os mistérios do Reino ao iniciar a Sua pregação por parábolas (Mateus 13; Marcos 4 e Lucas 8). Esta pregação por meio de parábolas é iniciada a partir do momento em que Jesus é rejeitado pelos judeus3, e assim cumpre o que foi dito por Isaías4.
A percepção do Reino Celestial só é possível a quem experimentou o novo nascimento5. Este novo nascimento ocorre com o resplandecer de Deus em nossos corações6, que faz de nós, em Cristo, uma nova criação7. No entanto, ainda é necessário que esta nova vida, que nasceu em Cristo, cresça, e este crescimento vem de Deus8. Mas Deus não força nada. É necessário que da nossa parte haja uma cooperação e desejo por tal crescimento da nova via espiritual910. Sem tal crescimento ainda ficamos infantis e incapazes de discernimento espiritual adequado11. Infelizmente muitos não se dão em conta da necessidade do crescimento da vida divina que nasceu em nós12, e que mero aperfeiçoamento exterior de nada serve13.
Para cooperar com o adequado crescimento dado por Deus, é necessário primeiro se alimentar com as palavras da fé e do bom ensino14, que é o próprio Senhor Jesus15. Mas apenas comer não é suficiente. Também é necessário a educação do Pai como agricultor1617.
É neste ponto, sobre a nossa cooperação com o crescimento espiritual, é que a escritura nos fala da semeadura18. E na parábola do Semeador é explicado os obstáculos em nossos corações que podem frustrar o crescimento dado por Deus19. É importante observar aqui que o evangelho é comparado a palavra de Deus como uma semente, que, uma vez plantada20, deve crescer e dar frutos para Deus Pai21. Portanto receber a palavra de Deus implica algo mais do que receber instrução para a mente, ou para o intelecto, envolve abraçar com todo o nosso coração a palavra de Deus como vida22.
Assim, se desejamos o crescimento espiritual, devemos atentar para os obstáculos em nosso coração que possam atrasar ou até impedir que a semente do evangelho cresça e dê frutos. Pela maneira como a palavra de Deus tem se desenvolvido em nosso coração podemos identificar onde podemos cooperar com o Agricultor, nosso pai23, para que esta parte da ‘terra’ seja devidamente trabalhada para facilitar o desenvolvimento da semente. Nisto está uma parte de nosso esforço para apoderarmos do Reino e entrarmos no descanso de Deus24. A seguir resumimos a interpretação da parábola do Semeador dada por Jesus, para facilitar a nossa percepção de quais obstáculos possam haver em nosso coração para os quais devemos clamar ao Pai para operar:
1) Beira do Caminho25. Situação onde a semente sequer é retida, pois logo é retirada pelo maligno. É a condição em que se ouve ou lê a palavra de Deus, mas em seguida é esquecida, pois não encontra espaço em nossos pensamentos errantes para que seja fixada e lembrada para posterior meditação. Uma falta de foco e insensibilidade para o tocar do Espirito em nossos corações. Neste caso a mente e o coração estão muito ocupados com muita informação e forma de pensar mundano, que simplesmente obscurecem o coração para o prosperar da palavra de Deus. Uma evidencia disto é a ausência do desfrute do amor de Deus26. Para isto recomenda-se que ore e clame ao Senhor para nos ajudar a deixar de lado os pensamentos vãos, conceitos mundanos e modo de pensar contrário aos caminhos de Deus, para que possamos nos focar na palavra de Deus27.
2) Solo rochoso28. Situação onde a semente, embora recebida inicialmente com alegria, não encontra muito espaço para desenvolver as suas raizes. Um coração muito voltado para si mesmo e seus próprios interesses e benefícios. Normalmente muito emotivo, mas sem profundidade.
– O amor ainda é imperfeito, pois é centrado em si mesmo e conforme as bênçãos e benefícios recebidos de Deus.
– Não consegue se entregar e se voltar para o que há no coração de Deus. Por isto não consegue sequer ter ideia da profundidade da palavra de Deus. Na escritura pode ver de tudo, mas tem dificuldade de ver Cristo nelas.
– Se no CAMINHO encontra adversidades inesperadas, logo se escandaliza com Deus, julgando ser abandonado por Ele, como se Deus não o amasse mais.
– Se ofende e se escandaliza muito facilmente diante de qualquer situação adversa, principalmente no convívio da igreja. Baixa tolerância para com as diferenças, os defeitos, limitações e problemas dos irmãos e conservos.
– Neste este tipo de solo é mais propício o desenvolvimento dos ciumes, invejas, melindres e malicia, tão nocivos ao ambiente de comunhão com os irmãos. Nesta situação é preciso orar ao Senhor para que Ele nos ajude a escavar estas pedras e sair de nós mesmos para penetrarmos nas profundezas de Deus29, e possamos remir o tempo e amadurecer no devido tempo30. Que o nosso amor pelo Nosso Senhor avance para além de nossos interesses e se alegre exclusivamente com o Senhor e nosso Deus Pai sendo satisfeito e alegrado31.
3) Terra cheia de espinhos que sufocam a semente32. Situação onde a semente é sufocada pois precisa disputar a terra com os espinhos. Tais espinhos normalmente não são pecados em si. São coisas lícitas, mas demandam foco, apreciação e prioridade do coração, com isto colocam o Reino Celestial e o Nosso Senhor em segundo plano, ou mesmo sem qualquer atenção. Diante disto o amadurecimento é muito lento ou até estagnado. Os frutos, quando existem, são minguados. Tais espinhos podem ser:
(a) Cuidados da vida33343536. Podemos ter preocupações, mas não sejamos governado por elas. A chave é observar o cuidado do Pai celestial37. Até a morte é nossa38!
(b) Confiança e entesouramento no coração das riquezas materiais3940;
(c) Ser governado pelo prazer e pela busca de deleites e conforto (edonismo), busca interminável de bem estar e deleites. Sendo escravo de um nível de conforto e bem estar. A busca desenfreada pelo prazer carnal nos leva ao pecado41. Deus nos provê o deleite que precisamos42 e podemos até ter algum deleite, mas isto não pode nos governar.
(d) Ter laços humanos e familiares como mais prioritários do que o Reino Celestial e os conservos em Cristo43;
(e) Confiança e entesouramento da sabedoria e entendimento deste século44. A verdadeira sabedoria está no temor a Deus45;
(f) Busca de sentido e meta na vida fora da esperança do nosso chamamento46. Que a nossa esperança esteja em Deus, fiel em Suas promessas47.
4) Boa terra48. Situação onde a semente tem o solo propício para frutificar, o coração puro, singelo e sincero, arraigado na Palavra de Deus49. O Reino Celestial e o Nosso Senhor estão em primeiro lugar e tem a máxima prioridade na carreira.
Caminhos, pedras e espinhos não podem mudar. Mas os homens podem arar os caminhos trilhados, remover as rochas, arrancar os espinhos e, com a ajuda de Deus, podem abrir a porta de seus corações para que o Semeador e Sua semente possam entrar. Somos responsáveis pela natureza do solo, caso contrário, Sua advertência teria sido em vão: “Portanto, vede como ouvis”50.
Em nossa experiência seguramente poderemos identificar estas 4 condições de solo em nosso coração. Tudo depende de quando, em que momento nos encontramos, e o que ou qual aspecto do nosso coração pode estar sendo exposto. Se realmente não queremos nos conformar com tais obstáculos à palavra de Deus em nosso coração, precisamos nos esforçar em buscar o Senhor e clamar a Ele que intervenha em nosso coração para cura e remoção das pedras e espinhos, além de afofar a terra.
O caminho está na própria Palavra de Deus, que é capaz de esmiuçar a pedra51. O galardão é imensurável, e vale qualquer esforço ou mesmo sacrifício52. Alguma orientação adicional pode ser vista em <PEH – O meditar e ponderar sobre a palavra de Deus para o progresso espiritual>.
O resultado dessa recepção nas profundezas do espírito é que ele “verdadeiramente dá fruto”. O homem que recebe a palavra é identificado com a planta que brota da semente que ele recebe. A vida de um cristão é o resultado do crescimento nele de uma semente sobrenatural. Ele dá fruto, mas o fruto não vem dele, mas da semente semeada. “Eu vivo; todavia, não eu, mas Cristo vive em mim.”53. A fecundidade é o objetivo do semeador e o teste da recepção da semente. Se não há fruto, manifestamente não houve real compreensão da Palavra. Uma pedra de toque, essa, que produzirá resultados surpreendentes na detecção do cristianismo espúrio, se for aplicada honestamente!
Há variedade no grau de fecundidade, de acordo com a bondade do solo; isto é, de acordo com a meticulosidade e a profundidade da recepção da Palavra. O grande Lavrador não exige fertilidade uniforme. Ele se alegra quando recebe cem vezes mais, mas aceita sessenta e não recusa trinta; apenas os organiza em ordem decrescente, como se quisesse obter a maior taxa dentre todas as plantas e, não sem decepção, gradualmente estende Sua misericordiosa permissão para absorver até mesmo a menor. Ele aceitará os frutos mais escassos e amorosamente “purgará” o ramo “para que produza mais fruto”54.
Recomenda-se continuar em <PN – Buscando conhecer a vontade do Senhor>
Liberada a cópia desde que citada a fonte